sábado, 29 de março de 2008

Harry Potter

O Harry Potter é um elenco, que foi vendido em mais de 300 mil replicas.
JK Rowling deveria continuar a saga do 8°livro de Harry Potter.

Campanhas promocionais massivas, teasers na internet, polêmicas com o elenco, expectativas quanto à saga literária, fãs enlouquecidos, verão de intensas estréias, blockbusters, flashs, pré-estréias, filmagens, locações, diretores, Warner Bros… e 150 milhões de dólares. Dizer que o quinto longa é mais sombrio é analisar mais o clima proposto do que a obra nela mesma, uma vez que Harry Potter é mais um produto e uma lenda que meramente um artigo cinematográfico.
Harry Potter e A Ordem da Fênix fecha um circo de continuações de grandes obras do cinema mundial em grande estilo e surpreende em diversos sentidos. Inicialmente, uma ‘estréia’ disfarçada de ‘pré-lançamento’ como estratégia de se apoderar de um dos recordes de maiores bilheterias da história, juntando a turma de Hogwarts a Piratas, Shrek, Star Wars e X-Men.
Toda a confusão que rondou os bastidores do quinto capítulo da saga de Potter chegaram ao fim no último dia 11 de julho em todo o mundo. A peça Equus, com Radcliffe, a quase desistência da saga por Watson e a incerteza quanto ao diretor David Yates não apresentaram qualquer sinal de relevância no produto final que se pode conferir.
O quinto filme de Harry Potter, baseado nas histórias de J.K. Rowling, traz à tona novos elementos de velhas histórias e novos personagens, velhos conhecidos dos principais personagens da saga. Na trama, Harry (Daniel Radcliffe) é atacado em uma rua de ‘trouxas’(não-bruxos) em plena luz do dia por dementadores (Harry Potter e O Prisioneiro de Azkaban) e ao usar mágica na frente de seu primo, longe do colégio, é incriminado por ‘negligência mágica’. Em sua defesa, aparece claramente a dualidade entre a dupla Potter e Dumbledore (Michael Gambon) que alerta a todos da volta de Voldemort (Ralph Fiennes) e o do Ministério da Magia, que nega as declarações visando manter a coesão popular.
O clímax da saga gira em torno do relativo controle que Voldemort exerce sobre Potter e a busca do mesmo por uma profecia que parece determinar o destino de ambos. A ponte entre os dois momentos, mais uma vez, é a vida escolar em Hogwarts, dessa vez mais interessante que nunca, não graças ao clássico Quadribol, mas a uma alta inquisidora (Dolores Umbridge, Imelda Stauton) que tira Dumbledore do poder de Hogwarts, demite professores e tortura alunos em seu ‘mandado’.
A grande façanha de Yates é justamente o que mais desagrada os fãs. A liberdade criativa para conduzir a adaptação do livro de Rowling é o ponto chave do sucesso da trama e a manutenção do estilo aplicado por Alfonso Cuaron no terceiro capítulo da saga garantiu ao filme dinamismo e coerência.
Detalhes simples, perdidos em tomadas, fazem com que a idéia do mundo mágico torne-se crível. Logo na abertura do longa, o ambiente londrino em que os personagens se encontram, com direito a vegetação ressecada e pichações em paredes dão um toque especial à representação proposta. As luzes noturnas de Londres sugerem sua contemporaneidade e os cartões postais da cidade formam um cenário real ainda não trabalhado em situações anteriores, excluindo-se a Plataforma, claro!
A inclusão de cenas inteiras que não existiam na realidade do livro compõem ganchos importantes para o desenvolvimento de A Ordem da Fênix e ajudam a tirar a idéia de todos os acontecimentos estarem ligados a Potter, ainda que seja o protagonista da história. Como em outras adaptações, apelar para o mais simples, direto e chocante foi mais interessante que perder tempo com explicações que não acrescentariam muito à trama, como no caso da morte de um dos personagens, inutilmente reclamada pelos fãs mais extremos.
A competente direção de Yates rendeu um ótimo fruto, recheado de comédia simples e eficiente, e personagens comedidamente detestáveis. O drama não se faz presente como nos capítulos anteriores, pelo contrário, é ironizado sempre que presente, de forma a ressaltar a evolução etária dos bruxos adolescentes. O quinto Harry Potter ainda promete um pouco de sustos e é eficaz na produção de situações tensas e inquietantes, especialmente ao clímax da história.
A trilha sonora e as direções de fotografia e efeitos visuais mais uma vez apresentam um espetáculo à parte, mas é com a edição de som e a direção de arte que podem render à saga uma vaga no Oscar 2008.
A falta de relevo acontece com a insinuação de romance entre os protagonistas da trama e o beijo de Harry e Cho Chang (Katie Leung), tão aguardado por alguns. No fim das contas, percebe-se que a passagem é mais interessante em literatura que em um filme onde a ação não deixa muito espaço para relacionamentos infantis. Destaque para a brilhante atuação de Imelda Stauton e à sensacional adaptação da personagem Luna, com Evanna Lynch (escolhida entre outras 15 mil garotas).
Garantia de comédia, tensão e aventura, mas recomendado para maiores de 12 anos.